quinta-feira, 6 de março de 2014

O belo da infância e a tragédia da guerra

Escolhi como tema para o 1º post deste blogue as crianças refugiadas de guerra. Estima-se que só na Síria são mais de um Milhão de crianças refugiadas.

Neste momento em que a guerra longe de estar afastada da nossa civilização ocidental, dita avançada, está mais florescente e próspera que nunca, proporcionando lucros astronómicos à industria bélica, a industria mais lucrativa do planeta, onde (quase) todas as grandes corporações e multinacionais movem seus interesses egoístas e nefastos e que apesar dos discursos em prol da democracia e dos direitos humanos os governos ocidentais dão total cobertura, pois com elas fazem Loby.
__________________

O belo da infância e a tragédia da guerra – é essa beleza trágica que encontramos espelhada no rosto das crianças retratadas pelo fotógrafo Muhammed Muheisen da 'Associated Press'. Tendo passado os últimos anos no Paquistão, ele captou as expressões de uma das maiores comunidades de refugiados do mundo, saída da violência do Afeganistão, concentrando-se especialmente no olhar dos meninos e meninas.


Enquanto centenas de fotógrafos dedicados abastecem diariamente os bancos de imagens das agências de notícias com o que é o assunto no mundo, apenas os foto-jornalistas mais excepcionais conseguem rotineiramente criar registos que oferecem novas perspectivas sobre os eventos que definem a nossa era. Muhammed Muheisen, da Associated Press (AP), é um desses nomes. Suas imagens tornaram-se indispensáveis para quem deseja compreender os conflitos no Médio Oriente para além do superficial
Inspirado por um espírito de humanismo e pela consciência do poder da narrativa visual, seu trabalho surpreende e já é consagrado com inúmeras distinções, o que inclui dois Pulitzers e o prêmio da revista Time de Best Wire Photographer de 2013.
Por mais de três décadas, o Paquistão tem sido refúgio de uma das maiores populações de deslocados do mundo: centenas de milhares de afegãos fugiram de inúmeras guerras locais e se abrigaram no país.

O fotógrafo Muhammed Muheisen viajou para a periferia da cidade paquistanesa de Islamabad para fazer um ensaio que documenta a mais nova geração de crianças afegãs refugiadas. Todas elas foram retratadas enquanto brincavam.

Segundo a ONU, o país é a maior receptor de refugiados do mundo, principalmente dos afegãos. Desde 2002, quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, cerca de 3,8 milhões de pessoas deixaram o país.

As imagens seleccionadas neste post mostram sua predilecção por fotografar crianças, sempre com uma abordagem delicada. Segundo ele, fotografa-as por acreditar que se tratam das verdadeiras vítimas de qualquer conflito. “Não é uma foto de criança, é a mensagem de uma criança sendo enviada para outra parte do mundo”
Mesmo dedicado à cobertura do que é notícia, indelével para qualquer repórter, Muheinsen encontra tempo para clicar a rotina das ruas, procurando momentos reveladores principalmente quando a cidade desperta. Ele levanta-se cedo para aproveitar a luz da manhã "caindo" nas ruelas empoeiradas na periferia da cidade ou para fotografar o início das aulas numa escola local. “Eu amo a calma da manhã”, conta, acrescentando que procura cenas que transmitam uma mensagem de vida ou alegria.
Muheisen descobriu que a fotografia do dia a dia em zonas de conflito realmente pode criar uma mudança: “Não é apenas o meu projecto, mas a minha paixão”.
Ele continua a captar imagens encantadoras da vida diária em  Islamabad, onde já se encontra há três anos.
As imagens, captadas nos arredores da capital, Islamabad, são apenas um pequeno olhar sobre as condições em que vivem estes afegãos. 
Todos preferíamos que estas fotos não existissem, mas não adianta fingir que não as vemos.














É difícil não ficarmos comovidos, tocados, envolvidos...

Talvez com pequenas acções, tomadas de posição e sobretudo nunca pactuando com as forças e os poderes que parecem estar interessados em perpétuar a miséria e o sofrimento neste planeta, para daí poderem lucrar monstruosamente, devagar mas irreversivelmente possamos alterar para melhor o destino destas crianças e também o nosso.

Carlos B. Cunha

Fontes: http://obviousmag.org/

http://lightbox.time.com/2013/12/10/muhammed-muheisen-time-picks-the-best-wire-photographer-of-2013/#1


http://time.com/

4 comentários:

  1. Magistral .A REALIDADE EM OLHARES

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Existe nestas fotos uma mistura de atracção e repulsa, algo que nos agrada e algo que nos entristece.
      Conseguimos ver nos olhos destas crianças a vontade de viver, a ingenuidade que todos nós já tivemos, a energia transbordante...
      Ao mesmo tempo sentimos culpa (por osmose penso eu) por estes meninos e estas meninas já terem visto e vivido coisas que era suposto só tomarem conhecimento mais à frente na vida...sentimos tristeza (por simpatia) pois também nós sabemos intuitivamente que este mundo, esta humanidade, não tinha que ser assim, não tem que se comportar desta forma tão animalesca, sempre e somente centrada na predacção, no parasitismo e no lucro.

      Sabemos reconhecer o amor e a esperança, por isso somos humanos, num olhar, e por isso o fascinio e o desassossego que estas fotos nos causam derivam destes dois conceitos antagónicos. Amor e Ódio.

      Eliminar
  2. Gostei deste post embora a realidade da guerra e o sofrimento que ela inflige, sobretudo nos verdadeiramente inocentes, seja muito difícil de encarar e digerir,mesmo assim obrigada por este momento.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A intenção deste blogue é essa, mostrar fotografias e o que elas nos querem dizer (nem sempre é fácil entender) e, quem sabe, entusiasmar e motivar mais pessoas para a fotografia.
      Eu é que agradeço a sua visita, volte sempre;)

      Eliminar